Para fechar março com chave de ouro, mês de alerta aos cuidados da saúde da mulher, a equipe de comunicação do Grupo de Apoio à Criança com Câncer de Sergipe (GACC/SE) entrevistou a médica mastologista Paula Saab, após sua palestra no Projeto Encontro deste mês, e fez um bate papo sobre os cuidados básicos e orientações para as mulheres, inclusive no tocante ao câncer de mama.
Estudos do Instituto Avon mais recentes, trazem dados alarmantes sobre a queda no número de mamografias realizadas no país. Redução de 40% no ano de 2020, na comparação com o período pré-pandemia, e de 18% em 2021, impactando diretamente o número de diagnósticos da doença em estágio avançado, cerca de 38% do total. No Brasil, em média 42% dos diagnósticos já acontecem no estágio tardio.
Confira o bate-papo esclarecedor com a Dra. Paula Saab. Vale a leitura!
Ascom GACC/SE: Quais os cuidados que devemos ter normalmente, com a saúde em geral e das mamas e qual o momento ideal para se consultar com o mastologista?
Paula Saab (PS): Recomendamos que a partir dos 20 anos a mulher já procure um mastologista anualmente, faça um ultrassom de mama para investigar doenças que acometam essa faixa etária, como nódulos benignos ou cistos que podem acontecer.
Como a gente tem visto pacientes com câncer de mama cada vez mais jovens, achamos que começar a partir dos 40, como é recomendado, talvez seja inadequado, mas não existe uma formalização de protocolo para isso. Então, dos 20 aos 40 recomendamos fazer uma avaliação anual e ultrassonografia mamária. A partir dos 40 começa o rastreamento mamográfico, seria uma mamografia uma vez ao ano, até quando a paciente tiver uma expectativa de vida, complementando com ultrassom, se necessário.
Com casos na família, recomendamos fazer uma avaliação familiar, pois existem genes transmitidos hereditariamente, aumentando o risco para câncer de mama. Recomendamos um rastreamento dez anos antes da idade da paciente que teve câncer de mama na família.
Ascom GACC/SE: Quais sintomas e sinais de câncer de mama?
PS: Na maioria dos casos como nódulo palpável, o famoso caroço. Existem outros sinais mais raros que é retração de pele, tumores que crescem perto da pele e acabam puxando a pele, uma leve puxadinha para baixo; secreção de bico, de um lado só, que molha o sutiã, água transparente ou sanguinolento; tumores super perigosos, inflamatórios, agressivos e confundidos com processos inflamatórios e infecciosos como pele de “casca de laranja”; mama avermelhada, não hesite e vá logo ao mastologista.
Ascom GACC/SE: Após suspeitas, quais as orientações devem ser seguidas?
PS: Procurar urgente o profissional que tiver acesso, o mais rápido possível. Pode ser um ginecologista, da saúde da família, mas o ideal é o mastologista, porque às vezes, o paciente chega com nódulo palpável e é um cisto, um achado benigno. Não se desespere, mas precisa passar por avaliação, para ver se precisa biopsiar ou não. O que dá o diagnóstico é a biópsia. Então fique atenta!
Ascom GACC/SE: Qual a incidência de casos de câncer de mama no Brasil e em Sergipe?
PS: A fonte mais atualizada é o site do Instituto Avon, com um panorama do câncer de mama do Brasil inteiro. Em Sergipe conseguimos ver até por cidade. Cobertura mamográfica, estágio do tumor na época do diagnóstico, trabalhamos com 60% de pacientes em estágio avançado na época do diagnóstico.
Ascom GACC/SE: Como andam os tratamentos, avanços da doença (câncer de mama) em Sergipe??
PS: O Estado segue a prática do Sistema Único de Saúde (SUS) e concede alguns medicamentos que não estão na tabela do sistema. Há muita inovação tecnológica, tem estudos com novas medicações e não necessariamente quimioterápicos, podem ser imunoterápicos.
Praticamente todo mês tem uma novidade, tanto na saúde suplementar, quanto o próprio SUS, que tem uma dificuldade muito grande em conseguir oferecer essas novas tecnologias, já que se tornam muito custosas, infelizmente não são medicamentos acessíveis.
Do ponto de vista econômico, há uma dificuldade seja pelo SUS ou pelo plano de saúde…tem que judicializar. Entretanto, do ponto de vista da tecnologia temos avanços cada vez melhores.
Vale lembrar que, quanto menor o tumor, menos tecnologia, tratamento e custo será preciso e principalmente, menos sofrimento tem o paciente. Por isso, focamos no tratamento e diagnóstico precoce.
Ascom GACC/SE: Dra. Paula deixe uma mensagem final para nosso público.
PS: O Projeto Encontros, que o GACC/SE realiza é um projeto muito oportuno para transmitir informação, onde conseguimos reunir muitas mulheres unidas por um propósito comum e aptas a receberem informação. É preciso observar que a mãe dos acolhidos pelo GACC/SE, precisam se cuidar. A saúde da mulher não é só saúde física, mas também mental, social, para ter um equilíbrio da vida. Aconselho a fazer um próprio diagnóstico do que precisa ser melhorado e lembrar dos cuidados em relação à alimentação, exercício físico e exames de rotinas, que têm que ser feitos para evitar doenças mais graves, pois todos estamos sujeitos a elas. Tem que se cuidar!!!
Ascom GACC/SE
Fotos: Everton Marques
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